domingo, 14 de fevereiro de 2010

Crise existencial



Por: Marcio Alves


A crise do homem começa no homem a propósito de o próprio homem ser quem ele é em meio a sua essência do existir em seu ser.
Quem sou eu? Nos auto questionamos.
Será que sou o que penso que sou? Será que sou o que sou?
Duvidas e mais duvidas perpassam do ser no que é o seu ser. Questionamentos que nos leva para mais questionamentos. Sendo o próprio questionar um cavar de poço muito fundo e escuro, quanto mais cavamos, mais fundo fica, e a medida que se vai mais fundo, mais escuro se torna o poço.

Olhamo-nos no espelho esperando encontrar repostas, mas o que vemos nos faz duvidar ainda mais de nós mesmos.
Será que sou o que vejo ser eu?
Ou seria eu além do que vejo ser eu?
A profundidade do nosso autoconhecimento, não abranda a crise do ser, pelo contrário, nos afunda mais ainda no ser que é ser, mas não sabe o que é ser o ser no ser.
É como se os deuses dissessem: “O premio do saber será uma grande maldição, quanto mais os homens buscarem respostas, mais ainda encontrarão duvidas sobre si mesmos”.

De onde viemos?
As religiões nos dizem ser o nosso ser vindo do Ser que é o Ser supremo dos seres.
Energia, natureza, pessoa, força e cosmo, ou ainda Javé, Alá, Brahma e Zambi, não importa quais os nomes ou distinções que cada uma das muitas religiões dá ao Ser supremo da suas crenças, mas o que todas concordam é que o homem emana de Deus.
Mas a ciência com a teoria da evolução, para nos colocar mais duvidas, vai nos dizer que tudo não passou de uma explosão cósmica que resultou na evolução da natureza, inclusive o ser humano.
Mas agora em que ou em quem eu devo acreditar?

Para onde iremos após a nossa morte?
As religiões nos garantem que continuaremos vivos depois que morrermos, mas o que esqueceram foi de combinar entre elas uma mesma resposta, pois cada uma tem uma resposta, sendo a resposta o calcanhar de Aquiles da crença da vida após a morte.
Ou será que nisto reside a sua força?
A força da crença na continuação da existência após morte se encontra na crença de todas as crenças, embora de maneiras díspares e até mesmo divergentes?
Mas como acreditar que depois que morrermos ainda iremos continuar vivos, se nunca ninguém morreu, e depois ressuscitou para nos contar essa história?

E Deus, será que existe mesmo? Ou será mera produção da fértil imaginação da mente humana? Quem é Deus se de fato ele existe?
Eu me vejo como Jesus que exclamou “Deus meu, Deus meu porque me desamparastes?”.

Mas é em meio a tantas dúvidas, nenhuma certeza, atormentado pelo pensar, mergulhado na mais visceral angustia da alma, na mais absoluta crise existencial, que o homem renasce das cinzas com coragem existencial, e apesar da não evidencia, da não certeza, das perguntas sem respostas que, o ser corajoso desafia os desafios da desafiante existência é como um soldado ferido, já quase morto e sem esperanças em uma sangrenta guerra que mesmo assim, resolve continuar batalhando, teimosa e maravilhosamente resolve continuar vivendo sem respostas prontas e seguras, apostando que a vida é maravilhosa em si mesma, vive e sobrevive tentando dar a vida sentidos além dos meros sentidos percebidos pelos sentidos.

Coragem existencial é olhar para dentro de si, encontrar motivações além da razão para continuar existindo, vivendo a vida sem medo da vida.
É somente depois de uma grande crise, que o homem está pronto para recomeçar a viver, mesmo sem Deus, sem crenças, e sem eternidade, valorizando o existir, vivendo a vida a partir da vida, enfrentando, mesmo ferido, a angustiante, aventureira e emocionante vida!

E se Deus existe, Ele deve ficar orgulhoso com o homem que faz a vida ter sentido e significado, mesmo que tal homem não creia nele, pois sabe que não pode culpar os mesmos, pois Ele decidiu sem pedir nossa opinião que, a melhor maneira para se viver é viver sem vê-lo, pois com a sua presença aqui de maneira a impor para nós uma autoridade, seria castradora da nossa liberdade de ser e não ser o que quiser ser, de modo a vir se tornar ser o que é para ser, sendo nós mesmos os construtores de nossa historia de viver.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.


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