sábado, 12 de maio de 2012

O que vemos, como vemos e porque vemos?


Por: Marcio Alves

A percepção social se dá no encontro com o outro. Quando passamos a perceber o outro diferente ou igual a nós, e, isto ocorre através do processo de percepção, não somente da presença enquanto física, mas também do conjunto de características que o outro possui e nos apresenta.

Esta percepção se torna possível, mediante a interação e organização das informações que vamos colhendo do nosso meio, através de nossa cognição, que passa necessariamente pelo processo de recebimento dos estímulos, internos e externos, pelos órgãos dos sentidos como também pelo sentido e significado dado por nós a estes mesmos estímulos, conforme mencionado nos estudos de Bahia bock, Furtado e Teixeira. (1999 p.136)

Esta percepção também passa pela comunicação ativa ou passiva do sujeito com seu meio social. E esta comunicação pode ser verbal (através de palavras escritas ou faladas) como também corporal (expressões e gestos do corpo) e até por variados e muitos códigos visuais. 

Entendemos, através do estudo da psicologia social, que a interação do sujeito com seu meio, seja físico e/ou social, é fruto da relação percepção, organização das informações, mais afeto, positivo ou negativo, com este mesmo meio, resultando em atitude que leva ater um determinado comportamento (ação).

Vale salientar aqui, o significado que a psicologia social dá para o termo “atitude”, conforme bem nos explica Bahia bock, Furtado e Teixeira dizendo que “Portanto, para a Psicologia social, diferentemente do senso comum, nós não tomamos atitudes (comportamento, ação), nós desenvolvemos atitudes (crenças, valores, opiniões) em relação aos objetos do meio social”. (1999 p.137)

Ou seja, primeiro o individuo desenvolve uma atitude, que são suas crenças, valores, opiniões, preferências e predisposições, sejam favoráveis ou desfavoráveis, em relação a determinados tipos de objetos, pessoas e situações, para depois, consequentemente, tomar um comportamento (ação). 

Quer dizer então, que para a psicologia social, as nossas atitudes antecedem e provocam nosso comportamento, nos movendo e determinando nossa ação no meio social. Só que o mais interessante é que estas mesmas atitudes são modeladas através do meio social, a qual, este mesmo sujeito pertence e está diretamente inserido, pois o grupo é o lugar de referencia e preferência deste sujeito que passa a ter o mesmo como base e parâmetro de como se deve comportar, falar, ouvir, perceber, entender, identificar, aprovar ou reprovar e até se relacionar com o outro.

Podemos então nos perguntar “se conhecermos as atitudes de uma determinada pessoa, será possível então prevermos antecipadamente o comportamento dela?”. 

Os autores Bahia bock, Furtado e Teixeira respondem esta pergunta afirmando que “(...) não é com tanta facilidade que conseguimos prever o comportamento de alguém a partir do conhecimento de sua atitude, pois nosso comportamento é resultante também da situação dada e de várias atitudes mobilizadas em determinada situação” (1999 p.137)

Ou seja, não é porque “sicrano” tem uma atitude negativa (não gosta, não se identifica e até reprova) em relação ao “fulano” é que o seu comportamento será de ignorar, (não conversando) ou até brigar com esta mesma pessoa, porque em um determinado contexto e situação (exemplo: no serviço, escola ou família) ela pode vir “precisar” a se relacionar, suportando o outro.

Importante também destacar que nossas atitudes podem ser mudadas diante do aparecimento de novas informações, afetos, comportamentos e situações vivenciadas, como nos mostra novamente Bahia bock, Furtado e Teixeira ao dizer que “Existe uma forte tendência a manter os componentes das atitudes em consonância. Informações positivas (...) levarão a afeto positivo. Informação positiva e afeto positivo levam a um comportamento favorável na direção do objeto” (1999 p.138)

Isto quer dizer que se o “sicrano” tem uma atitude negativa em relação ao “fulano”, o “sicrano” pode ter a sua atitude que antes era negativa, mudada para positiva, mediante o contato (situação nova vivida) com o “fulano”, passando a admirar (afeto novo) qualidades antes não percebidas (informações novas), numa dada circunstancia de ter que trabalhar junto, numa mesma empresa, se comunicando com ele. (necessidade)

Nesta percepção do outro, os papeis sociais (papeis pré-estabelecidos e pré-determinados pelo meio social cultural) são importantes para nossa compreensão desta mesma percepção, porque são eles (papeis sociais) que vão dirigir nosso modo de ver o outro e nos ver também.

“Qual comportamento esperar do professor em uma sala de aula?” Que ensine, transmitindo os conteúdos de uma dada matéria, para seus alunos de uma maneira didática, ou seja, assim como os professores tem um papel social já pré-estabelecido, existem vários tipos de papeis sociais que são apreendidos pelo sujeito, que passa não somente a perceber e saber o que esperar do outro em seu papel, como também ele mesmo tem seus próprios papeis os quais devem ser incorporados e vivenciados em seu dia a dia, e, como os autores Bahia Bock, Furtado e Teixeira, brilhantemente, sintetizam o estudo levantados por eles afirmando que “Aprender os nossos papéis sociais é, na realidade, aprender o conjunto de rituais que nossa sociedade criou”. (1999 p.140)


Texto extraído de uma parte do trabalho cientifico e acadêmico que fiz, para faculdade, sobre o tema: “A Psicologia Social – percepção social”.


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