sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Suicídio - Émile Durkheim

Sobre o Livro:

O Suicídio foi um dos pilares no campo da sociologia. Escrito pelo sociólogo francês Émile Durkheim e publicado em 1897, foi um estudo de caso de um suicídio, publicação única em sua época, que trouxe um exemplo de como uma monografia sociológica deveria ser escrita.

Inúmeros estudos contemporâneos sobre o suicídio focavam em características individuais. Durkheim estudou as conexões entre os indivíduos e a sociedade. Ele acreditava que se pudesse demonstrar o quanto um ato individual é o resultado do meio social que o cerca, teria uma prova da utilidade da sociologia. Neste livro, Durkheim desenvolveu o conceito de anomia. 

Ele explora as diferentes taxas de suicídio entre protestantes e católicos, explicando que o forte controle social entre os católicos resulta em menores índices de suicídio.
De acordo com Durkheim, os indivíduos têm um certo nível de integração com os seus grupos, o que ele chama de integração social. Níveis anormalmente baixos ou altos de integração social poderiam resultar num aumento das taxas de suicídio:

Níveis baixos porque baixa integração social resulta numa sociedade desorganizada, levando os indivíduos a se voltar para o suicídio como uma última alternativa;

 Níveis altos porque as pessoas preferem destruir a si próprias do que viver sob grande controle da sociedade.

O trabalho de Durkheim influenciou os proponentes da Teoria do Controle, e é frequentemente mencionado como um estudo sociológico clássico.

Pág: 445

domingo, 20 de novembro de 2011

Quem somos nós?

Por: Marcio Alves


Somos, desejando ou não, buscando ou não, o que já vamos sendo na construtividade do nosso eu em um contexto que é construído, vivido e absorvido pelo cultural, social e geográfico em um determinado e limitado espaço e tempo histórico.

Somos na medida em que vamos deixando de ser para nos tornar quem somos, onde cada porta aberta fecha outra, e, cada porta que fechamos atrás de nós, abre outras, nos levando sempre por caminhos e descaminhos, por possibilidades e não possibilidades, que no final desembocará num determinado futuro que se tornará presente.

Somos a somatória de experiências vividas, como subtrações de não acontecidas em meio a uma vida já determinada pela aleatoriedade e contingência do acaso da vida, mesmo negando, rejeitando ou se arrependendo do passado, pois o passado não nos nega, rejeita e se arrepende de nós, pois tal como é nosso passado assim é a nossa historia de vida, ainda que sejamos no presente já não sendo mais como éramos no passado que ficou para trás, mas que como sombras continuam nos acompanhando.

Mesmo lutando contra nosso eu formado pela identidade adquirida no tempo e experiência de vida, não vamos apagar quem fomos e quem somos, pois só somos porque fomos um dia, e fomos um dia porque estamos sendo não mais o que éramos antes.
Nosso passado foi como esta sendo e sempre será a ponte que nos trouxe até o presente momento.

Somos o que foi determinado pela genética do nosso eu biológico que constitui nossos genes, temperamento, vontades e desejos.
Para uns, mais agressividade, para outros, mais amabilidade, mas para todos nós, uma identidade impar, que faz nós sermos quem somos justamente por não sermos que não somos.

Somos um produto do meio em que vivemos.
Onde, com quem, quando, e como vivemos é o que tem também nos modelado a ser o que temos sido, na medida em que vamos vendo, ouvido, percebendo, tocando, experimentando, cheirando, saboreando, lembrando e pensando o mundo externo a nós, num mundo objetivado pela concretude da vida, vamos simultaneamente internalizado subjetivamente os seus valores, desejos, vícios, prazeres e idéias, formando assim paulatinamente nossa identidade na identificação de olharmos para o espelho do mundo e vermos a nós mesmos.

Somos uma singularidade de reações, emoções e pensamentos, ao mesmo tempo em que somos um universo infinito de caos que está para além do entender do próprio sujeito, que na vida pratica acaba por se limitar este mesmo universo subjetivo de liberdade, possibilidades e escolhas, para preservar mantendo-se no meio social em que foi escolhido para viver.

Somos no fim das contas, uma totalidade de fatores somados ao mesmo tempo esquecidos, inatos ao mesmo tempo adquiridos, negados ao mesmo tempo integrados a nossa identidade, que tal como uma historia para ser entendida precisar ser vista em seu todo, assim somos nós visto em partes pelas pessoas que por mais que nos ame e nos acompanhe, não consegue nos ver pelo nosso todo, por isso, cada um vê em nós o que querem ver e não o que somos realmente, e até porque, quem somos esta constantemente passando e mudando pelas intermináveis variações de ambiente-externo e ambiente-interno.


Somos o que deveríamos ser ou não somos porque não escolhemos ser?


Não sei, o que sei é que o mais importante de tudo na vida que se vai vivendo e sendo, seja por aleatoriedade ou escolhas, por pré-condições e determinações não escolhidas ou ausência de querer é o que estamos fazendo com o que a vida fez de nós sermos, pois só assim, será o triunfo do ser sobre tudo que fez ele ser quem é, mesmo que seja ilusório, pois no final das contas não seria o que fazemos da vida que fez de nós sermos só possível porque a vida á priori fez de nós?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A evolução da moral e da ética




Por Por Noreda Somu Tossan

Seria possível condensar os valores todos num só, ou num essencial? Seria a “decência” esse condensado de tudo que julgamos bom? Porque se pensarmos na grande referência moral de nossa tradição, “Os dez mandamentos bíblicos”, eles se caracterizam, antes demais nada, por serem vários, muitos. A versão judaica, aliás, não coincide exatamente com as diferentes versões cristãs. Os cristãos admitem imagens de Deus, ao contrário dos Judeus, e a igreja Ortodoxa chega mesmo a dar papel importantíssimo aos ícones. A Igreja Católica, além disso, acrescentou cinco mandamentos dela própria, diga-se de passagem, bem menos impactantes que os revelados à Moisés no Monte Sinai.

Hoje, se quisermos penar no que é bom e correto, os mandamentos de Deus não são suficientes (e também têm alguns excessos). Quer dizer que precisamos incluir o que lhes falta exemplo: o respeito às religiões diferentes e também ao ateísmo, a igualdade dos sexos, a não descriminação dos outros povos, o fim da escravatura, enfim, uma série de preceitos morais que nos textos sagrados passam em silêncio, mas que se tornou fundamental para nós no século XXI. e também precisamos retirar alguns pontos que, embora façam sentido do ponto de vista religioso, não garantem que uma pessoa seja ética (decente), exemplo:

Não tomar o nome de Deus em vão, não adorar outros deuses e santificar um dia por semana são prescrições em determinada religiões, algumas, mas não para todas, o que não faz do adepto da religião que não pratica tais costumes, um imoral ou indecente. Ateus e agnósticos por exemplo não estariam obrigados por elas. E nem por isso, essas pessoas que não vêem sentido em um terço dos mandamentos judaico-cristãos, são sujeitos maus.

Fica então a pergunta: a ética se constrói pela constante agregação de novos conceitos ou se pode derivar de um preceito essencial? A ética é um “catálogo” de virtudes ou tem um cerne, uma origem, uma essência? Cada vez que as Nações Unidas convocam uma nova conferência internacional, que anuncia mais uma declaração dos direitos (introduzindo o direito à moradia, proclamando os direitos das crianças e dos adolescentes, mandando que se respeitem os povos aborígenes), elas estão de fato acrescentando princípios novos a uma lista cada vez maior de obrigações, ou será que tudo isso poderia ser pensado a partir de um, ou alguns poucos princípios básicos?

A moral parece-se mais hoje em dia com uma lista de compras, que vamos ampliando cada vez que nos lembramos de uma coisa nova. É evidente que a sociedade atual declare quais são seus direitos, inclusive alguns nunca antes lembrados. Mas não podemos esquecer que, declarar não é promulgar. Declarar é reconhecer que eles valem, não é criar. Você declara a partir de algo que já existe, mesmo que muitos não tenham consciência dele. Daí então surge o maior dilema em minha opinião: jamais criamos preceitos morais? Ou criamos? Modificamos os anteriores? O que já foi descente se torna agora indecente e vice-versa?

Acredito que hoje, quase tudo o que diz respeito à ética pode derivar de dois grandes princípios, a igualdade (não com uma conotação comunista) e a liberdade (não com conotação anarquista). Se somos iguais não podemos desrespeitar o outro, sermos arrogantes, intolerantes ou corruptos. O voto de todos tem o mesmo peso nas eleições. Se somos livres, devemos responder por nossos atos e também reconhecer a liberdade dos outros. Para o século XXI acredito ser a resposta mais adequada, mas daí vem outros dilemas: Isso é retroativo? Vale para o passado? Machistas e escravagistas de uma época que tolerava essas condutas, como ficam no retrato ético atual? Ou devemos reconhecer que a moral muda com o tempo?

Edson Moura



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O rebanho de um homem


Por Edson Moura

Acumular é um dos mais profundos instintos da alma. Porque a alma ama, e o amor deseja sempre possuir. Se eu amo aquela casinha de cercas brancas, onde há uma seringueira com balança e um riacho, por que não possuí-la, se posso? Ora, se ela for minha, certamente cuidarei dela, quem sabe até pintarei as janelas de azul. Se eu amo a música que ouço, por que não comprar o CD e tê-lo só pra mim? O Levarei para casa e ouvirei quantas vezes quiser, desfrutando assim daquilo que é meu. O amor é onívoro, quer comer tudo. Sabe-se que, comer é a forma mais radical de possuir. Comendo o que estava fora e era outro, passa então a ser parte do seu próprio corpo.

Juntei algumas riquezas e estou sendo açoitado por uma pergunta feita em uma parábola contada por Jesus: “Para quem ficará tudo que acumulaste?”. Quando o que se acumulou se resume a bens e dinheiro, a resposta é relativamente fácil. Dinheiro e bens são valores que se medem por meio de números. Sendo assim, basta dividir o montante pelo número de herdeiros definidos legalmente e dar a cada um a parte que lhe corresponde. Mas e as outras coisas que acumulei?

Jesus sabiamente comparou o corpo a um tesouro do qual cada um tira as coisas que ajuntou no decorrer de sua vida. Cada indivíduo tem um tesouro que é único, só seu. Portanto, no meu tesouro há uma quantidade enorme de coisas totalmente, ou, absolutamente, inúteis, que não têm valor algum no mercado. Muitos livros usados, rabiscados e empoeirados. Algumas fotografias que marcam momentos importantes em minha vida (em minha vida). Várias poesias rabiscadas em comandas de pedidos, dessas que garçons usam. Contos, recortes, cartas, enfim, memórias.

Parece estranho, mas o fato é que as memórias são também objetos que acumulamos em nossa caminhada existencial. Estão guardadas no nosso tesouro particular, às vezes secreto. Sinto a necessidade extrema de dá-las a alguém que tome conta delas. Aí me vem a aflição por escrever. Quando escrevo estou, à minha maneira, lutando contra a morte, não a morte literal, mas sim, buscando uma certa imortalidade. A imortalidade das minhas memórias. Pelejando bravamente contra a morte das coisas que o meu amor ajuntou e que vão se perder quando eu morrer.

Já dizia Alberto Caeiro: “Eu nunca guardei rebanhos, mas é como se os guardasse... Quando me sento a escrever versos..., sinto um cajado nas mãos..., olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias, ou olhando para minhas idéias e vendo o meu rebanho.” Também me considero um guardador de rebanhos. Minhas ovelhas são minhas idéias, minhas memórias. Para quem ficarão minhas ovelhas quando eu partir? Quem cuidará delas com o mesmo amor que eu cuidei? É preciso encontrar alguém que as ame assim como eu as amei, que também tenha essa alma de pastor, que as chame pelo nome, que as conduza por pastos verdes e fontes de águas frescas, que as defenda dos lobos e as acaricie ao fim da tarde.

A pergunta me atravessa os pensamentos como lâmina afiadíssima: “O que acumulei numa vida inteira, para quem ficará?” “Quem cuidará do meu rebanho querido?”. Mas, talvez, esta seja uma pergunta impossível de ser respondida mesmo. Eu apenas alimentei a ilusão de ter possuído um rebanho, apenas tive a ilusão de acumular objetos, memórias, idéias. Esse rebanho nunca me pertenceu. É um grande rebanho que passeia pelos pastos do mundo, ovelhas à procura de quem cuide delas. Por um período estiveram sob meus cuidados. Eu as chamava pelo nome. Assim que eu me for, sairão por aí e provavelmente encontrarão outro pastor, que certamente saberá cuidar melhor delas do que eu mesmo cuidei. Farão delas ovelhas mais fortes, com o auxílio de outros pastores, modificarão as minhas ovelhas e logo elas se esquecerão de mim.

Minhas ovelhas jamais ficarão abandonadas. Mas alimento a esperança, novamente me entrego à ilusão, de que meu filho Jonas, ou o mais novo Cauã, serão esses pastores. E toda vez que eles virem uma de minhas ovelhas machucada, ou desgarrada do rebanho, a trarão de volta, tirarão os carrapatos e lembrarão-se do velho pastor que não deixou nada, a não ser, suas memórias escritas, mas escritas com amor.

Noreda Somu Tossan

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Apenas um sorriso

Por Edson Moura

Um piloto de caça, durante o período da Segunda Guerra Mundial, foi capturado pelo inimigo após seu avião ser abatido e milagrosamente sair sem um aranhão. Foi lançado numa cela de prisão. Todos os carcereiros o olhavam com desdém e era tratado de forma rude pelos mesmos. Sua execução estava marcada para o dia seguinte à sua captura e pretendo contar á vocês leitores o incrível desfecho desta tragédia.

Ele tinha certeza que seria morto. Ficou terrivelmente perturbado e nervoso. Remexeu nos bolsos em busca de um cigarro que, “Deus quisera”, tivesse escapado à revista. Encontrou apenas um, mas como as mãos estavam trêmulas de medo, mal podia levá-lo aos lábios. O pânico se abateu quando ele percebeu que não tinha fósforos, estes foram levados na revista.

Olhou através das grades para o carcereiro. Ele não correspondeu ao olhar do rapaz condenado, afinal, não se estabelece contato com uma “coisa”, um cadáver. Ele então gritou para o homem: “Tem fogo, por favor?!”. O carcereiro olhou para ele, deu de ombros e caminhou até a direção do rapaz. Ao se aproximar e sacar uma caixinha de fósforos, os olhares dos dois inadvertidamente se cruzaram. Naquele momento o rapaz sorriu.

Nem ele mesmo sabe por que fez aquilo. Talvez por nervosismo, talvez porque, quando se está realmente perto de alguém, é muito difícil não sorrir. Em todo caso, ele sorriu. Naquele instante, foi como se uma faísca saltasse no espaço entre os corações dos dois homens, entre suas almas. Não foi proposital, mas o sorriso do rapaz “saltou” por entre as grades e gerou um sorriso nos lábios do carcereiro também. Ele acendeu o cigarro do rapaz, mas permaneceu por perto, olhando-o diretamente nos olhos e continuando a sorrir.

O Jovem rapaz continuou a sorrir, agora consciente da pessoa e não apenas do carcereiro que o mantinha preso. O olhar do carcereiro parecia também ter uma nova dimensão. Você tem filhos? Perguntou o carcereiro.

Sim, aqui, aqui! Disse o rapaz tirando a carteira e procurando nervosamente a fotografia de seus filhos e sua esposa. O Homem também puxou a fotos de seus garotos e começou a falar sobre seus planos para eles. Os olhos do rapaz encheram-se de lágrimas. Confidenciou ao carcereiro que temia nunca mais vê-los novamente, nunca ter a chance de vê-los crescer. Algo parecido com Lágrimas também aflorou nos olhos do carcereiro.

De repente, sem qualquer palavra, o homem destrancou a cela do rapaz e silenciosamente o conduziu para fora. Passou por corredores escuros e deu de cara com um pátio. O Jovem pensou: Minha vida foi salva por um sorriso, apenas um sorriso. Seu coração batia acelerado ao passo em que caminhava em direção à sua liberdade.

Deu mais alguns passos e olhou para trás, o carcereiro havia parado. Podia ouvir os passos dos soldados marchando em sua direção. Uma venda lhe foi oferecida, e, ao colocá-la, ouviu a voz do carcereiro:

Perdeu playboy, sua execução foi antecipada!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Insight - Daniel de Carvalho Luz

Resumo do Livro:

Primoroso na seleção dos pensamentos e na abordagem de cada um, o autor buscou reunir temas que motivem as pessoas a ter atitudes positivas em todos os campos de sua vida.
Este livro contém 63 reflexões sobre sucesso, fracasso, família, qualidade de vida, ética, superação de desafios e muitos outros assuntos de aplicação prática no dia-a-dia. O autor trata cada assunto com seriedade e profundidade, motivando sempre o leitor a criar um estado de auto-reflexão, para encontrar em cada situação uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional, sempre com atitudes criativas e vitoriosas.



Título: Livro - Insight


Páginas: 270


Edição: 3


Tipo de capa :BROCHURA


Ano: 1999

Assunto: Crenças-Auto-Ajuda

Idioma: Português

sábado, 10 de setembro de 2011

Ficções - Jorge Luis Borges

Resumo do Livro:

Ficções reúne os contos publicados por Borges em 1941 sob o título de O jardim de veredas que se bifurcam (com exceção de "A aproximação a Almotásim", incorporado a outra obra) e outras dez narrativas com o subtítulo de Artifícios. Nesses textos, o leitor se defronta com um narrador inquisitivo que expõe, com elegância e economia de meios, de forma paradoxal e lapidar, suas conjecturas e perplexidades sobre o universo, retomando motivos recorrentes em seus poemas e ensaios desde o início de sua carreira: o tempo, a eternidade, o infinito.

Os enredos são como múltiplos labirintos e se desdobram num jogo infindável de espelhos, especulações e hipóteses, às vezes com a perícia de intrigas policiais e o gosto da aventura, para quase sempre desembocar na perplexidade metafísica. Chamam a atenção a frase enxuta, o poder de síntese e o rigor da construção, que tem algo da poesia e outro tanto da prosa filosófica, sem nunca perder o humor desconcertante.

Em Ficções estão alguns de seus textos mais famosos, como "Funes, o Memorioso", cujo protagonista tinha "mais lembranças do que terão tido todos os homens desde que o mundo é mundo"; "A biblioteca de Babel", em que o universo é equiparado a uma biblioteca eterna, infinita secreta e inútil; "Pierre Menard, autor do Quixote", cuja "admirável ambição era produzir páginas que coincidissem palavra por palavra e linha por linha com as de Miguel de Cervantes"; e "As ruínas circulares", em que o protagonista quer sonhar um homem "com integridade minuciosa e impô-lo à realidade e no final compreende que ele também era uma aparência, que outro o estava sonhando".

Sobre o Autor:
Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Genebra, 14 de junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Em 1914 sua família se mudou para Suíça, onde ele estudou e viajou para a Espanha. Em seu retorno à Argentina em 1921, Borges começou a publicar seus poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas. Também trabalhou como bibliotecário e professor universitário público. Em 1955 foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional da República Argentina e professor de literatura na Universidade de Buenos Aires. Em 1961, destacou-se no cenário internacional quando recebeu o primeiro prêmio internacional de editores, o Prêmio Formentor.
Seu trabalho foi traduzido e publicado extensamente no Estados Unidos e Europa. Borges era fluente em várias línguas.
Sua obra abrange o "caos que governa o mundo e o caráter de irrealidade em toda a literatura". Seus livros mais famosos, Ficciones (1944) e O Aleph (1949), são coletâneas de histórias curtas interligadas por temas comuns: sonhos, labirintos, bibliotecas, escritores fictícios e livros fictícios, religião, Deus. Seus trabalhos têm contribuído significativamente para o gênero da literatura fantástica. Estudiosos notaram que a progressiva cegueira de Borges ajudou-o a criar novos símbolos literários através da imaginação, já que "os poetas, como os cegos, podem ver no escuro". Os poemas de seu último período dialogam com vultos culturais como Spinoza, Luís de Camões e Virgílio.
Sua fama internacional foi consolidada na década de 1960, ajudado pelo "boom latino-americano" e o sucesso de Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez. Para homenagear Borges, em O Nome da Rosa, um romance de Umberto Eco, há o personagem Jorge de Burgos, que além da semelhança no nome é cego assim como Borges, foi ficando ao longo da vida. Além da personagem, a biblioteca que serve como plano de fundo do livro é inspirada no conto de Borges A Biblioteca de Babel (Uma biblioteca universal e infinita que abrange todos os livros do mundo).










Título: Ficções

ISBN: 9788535911237

Páginas: 176

Edição: 7ª

Tipo de capa: BROCHURA

Editora: Companhia das Letras


Ano: 2007

Assunto: Literatura Estrangeira-Contos E Cronicas

Idioma: Português


Onde comprei: Red Star

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quando Nietzsche chorou - Irvin D. Yalom

Resumo do livro:

No último quarto do séc. XIX em Veneza, no café Sorrento, tem lugar um encontro entre o médico austríaco, Josef Breuer e a insinuante jovem russa Lou Salomé, que promoveu uma série de outros encontros entre aquele e Friederich Nietzsche.

Explicadas as motivações tecidas à volta de um triângulo amoroso entre si, Paul Reé e Nietzsche, e porque a humanidade não poderia arriscar-se a perder o seu mais proemitente filósofo, Lou materializa a primeira entrevista deste com Breuer, por intermédio do amigo comum Overbeck, com vista à descoberta da origem do mal, que vinha atacando o filósofo, o qual, é mantido na ignorância desta sua diligência, por aquela saber o que este pensa das ajudas desinteressadas.

Horas de intensa observação deram a conhecer a Breuer a personalidade obstinada e orgulhosa de Nietzsche. Como tratar alguém que recusa ajuda? Porque recusa?

Frustrado o acordo para o tratamento, despediram-se friamente. Mas uma recaída do filósofo retoma o contato com Breuer que lhe ouve, em estado quase comatoso um inesperado mas inconsciente pedido de ajuda. Aberta a brecha, Breuer avança, decidido a fazer Nietzsche ceder às suas tentativas de penetração na sua, até então, inviolável psique. Mantinha-se, no entanto, inexpugnável o filósofo a quaisquer intromissões na sua fortaleza interior. Sucedem-se diálogos de prospecção psíquica, tão duros como inteligentes que os conduzem a um acordo peculiar.

Assentam, então num tratamento recíproco. Breuer, autor da iniciativa, aceita como clínico tentar debelar as enxaquecas de Nietzsche, e este como médico da mente, aceita tratar Breuer. Homem realizado na sociedade vienense, pela excelência da sua ciência e do seu profissionalismo, Breuer conquistou a fama pela descoberta da importância do ouvido interno para o equilíbrio.

Tendo aplicado o mesmerismo a Bertha, uma jovem lindíssima, sua paciente, com uma grave histeria, criou problemas pelo tempo passado junto da doente, que fizeram nascer em Mathilde, sua esposa, ciúmes inconvenientes. A passar dos quarenta anos, Breuer pergunta-se se era aquilo por que tinha lutado. Um sonho que recorrentemente o perseguia, e de que já havia falado com o seu amigo Freud, curioso destas fitas cerebrais, piora a situação pelo que poderia significar. Mas com Bertha afastada da sua vida Breuer sente começar a descer para um subterrâneo desconhecido.

A argúcia argumentativa de Nietzsche, calça botas de soldado com que lhe pisa a estrutura familiar laboriosamente construída. E confronta-o, sem piedade, com a paternidade das escolhas assumidas. Então compreende! Não havia sido Breuer a escolher o seu caminho. Sempre na esteira dos outros. A carreira, os amigos, o bem-estar, a mulher tinham-no moldado aos seus interesses. A sua genuinidade dormia sob o anestésico da sociedade. Sentiu um ferrão a rasgar o tórax. As escolhas não tinham sido suas. Foram eles que lhe apontaram os caminhos. Como a um cavalo condicionado por antolhos. E de repente tudo se desmorona.

Nietzsche médico das almas, cruel cirurgião da mente, tendo penetrado nos labirínticos meandros da psique de Breuer, desperta-lhe a força da idiossincrasia própria de um ser irrepetível e único, pelo que começa a sentir-se como o caçador caçado. Equipado com as armas necessárias à superação de si, Nietzsche encaminha Breuer para um exercício de auto-consciência, o qual, induzido por hipnose pelo seu amigo Freud, consegue figurar Bertha, na intimidade com um outro clínico, dessacralizando assim momentos considerados como possíveis unicamente consigo. Imagina-se, então, profundamente ridículo. A catarse funcionou. Breuer recuperou-se e tornando-se naquilo que é assumiu-se como autor do seu futuro. Sorridente, afirma-se curado para desgosto de Nietzsche que assim perde mais um amigo.

Nietzsche, a maior parte do ano doente, acometido por doenças do foro psiquiátrico acompanhadas de graves manifestações somáticas, era um homem deprimido. A atravessar desertos de solidão. Uma solidão altiva, desejada, própria dos fortes. A sua imaginação febril, afectada pelo rompimento com Wagner, ficou fundamente abalada com as notícias da irmã Elizabeth sobre o que Lou fazia correr sobre ele na sociedade. A traição de novo a corroer-lhe as entranhas. Está condenado a viver só com o seu mal. Longe do mundo e dos homens. Voltaria a galgar o alto Engadine de onde administraria na companhia da sua querida e orgulhosa dor o vasto e exclusivo império do seu EU, tanto mais robusto quanto mais sofrido.

Breuer sarado tinha de se ir embora. É quando se apercebe da íntima tristeza com que Nietzsche saudou a sua cura, e lembrando-se do pedido de ajuda, resolve fazer xeque mate ao mal do, agora, seu amigo. Sempre vencido nos diálogos mantidos com ele, não podia dispersar esta oportunidade única. Tal mostra de fragilidade seria a salvação dele. E sua também. Como clínico. Como amigo.

Se consigo Bertha foi a um tempo a origem da sua angústia, não teve dúvidas em eleger Lou Salomé como uma das grandes causadoras dos pesadelos, insônias e aflições de Nietzsche. Que finalmente se abre e denuncia um coração dilacerado, ao saber que aquela havia produzido, com ele Breuer, o mesmo comportamento insinuantemente provocador tal como, com ele, Nietzsche, que se julgava, no recesso do seu individualismo, senhor absoluto dos mimos de Lou Salomé.

Chamando então a si Freud e toda a sua ciência, a par de tudo o que com o filósofo aprendera, Breuer, impiedoso, perscruta aquele coração, libertando-o da solidão auto imposta, como sobrevivência num mundo imperfeito. Com a certeza e segurança da amizade entretecida na cumplicidade da dor, diluída pelo abraço que acede ao humano, demasiado humano. E que se torna menos mau sempre que um homem chora.

Editora: Ediouro
Pág. 407
Edição: 14ª
Autor: Irvin D. Yalom
Ano: 1992


Edson Moura

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Crime e Castigo - Fiódor Dostoiésvski


Resumo do livro:

Se você não leu, certamente já ouviu falar. Crime e Castigo, do russo Fiódor Mikháilovitch Dostoiésvski, foi publicado pela primeira vez em 1866 e foi o primeiro romance do autor traduzido para línguas da Europa Ocidental.

O livro relata a angústia e o sofrimento vividos por Ródion Románovitch Raskólnikov, um jovem estudante de direito que se vê marginalizado pela falta de dinheiro. Após ter cometido o assassinato de duas mulheres: Alena Ivánovna, uma velha usurária, a quem Raskólnikov empenhava alguns objetos para obter dinheiro para sua sobrevivência e Isabel Ivánovna, irmã da usurária, também assassinada, por estar no lugar e hora erradas.

A história, que se faz interessante já pela originalidade seu enredo central, é uma das obras mais importantes da literatura mundial por ser um verdadeiro ensaio psicológico das personagens, uma qualidade ímpar dos escritores russos.
A trama, à primeira vista, é um romance policial: descobrir um assassino. Assassino esse que está revelado ao leitor desde o início. Seria um romance policial comum se a narrativa não se fizesse transcorrer numa teia envolvente de personagens e tramas paralelas capazes de prender o leitor não mais para a resolução do caso, mas para a resolução dos dramas humanos que o autor propõe.

Sem dúvida, trata-se de uma história única capaz de produzir sentimentos diversos e intensos para quem a lê. E se você ainda não está convencido sobre a importância deste livro basta dizer que Crime e Castigo é considerado por muitos, e importantes críticos literatos, como o grande romance de todos os tempos.

Então, meu amigo, se você ainda não leu, trate de sair da frente deste computador e corra a uma livraria, sebo ou até mesmo para a coleção de livros velhos e empoeirados do vovô e extasie-se pela trilha intrincada de ações e sentimentos que é você: ser humano.

Edson Moura

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Justiça e Perdão


Outro dia um amigo emprestou-me um filme muito interessante que tinha como tema a vingança.Tudo bem que a produção era daquelas baratas, mas ao final dele, fiquei pensativo a respeito do tema. A história era de uma escritora que ao isolar-se em uma cidadezinha para escrever mais um de seus romances, acabou sendo violentada por quatro jovens e até pelo xerife da cidade. Após sobreviver ao ataque, ela retorna para vingar-se, coisa que faz com requintes de crueldade. Entre cortar pênis, e introduzir espingardas em ânus, ou afogar um deles em soda cáustica ela se satisfaz e sente-se bem com a sensação de dever cumprido.

O interessante é que logo pela manhã eu presenciei uma cena que me remeteu ao filme. Um rapaz muito mal educado começou a agredir verbalmente o motorista do ônibus. Chamou-o de chifrudo, velho lerdo, “viado”, e outros adjetivos que julgo desnecessário citar aqui. O motorista aceitou àquelas provocações como um perfeito cavalheiro. Pensei comigo: ele deve ser um daqueles crentes que aceitam tudo calado, pois o Senhor é seu juiz. Eu particularmente já estava “espumando de raiva”, mas me controlava, afinal de contas, eu também aprendi que não se deve pagar o mal com mal.

Ao chegarmos na av. Cidade Jardim, um dos pontos mais lotados da zona leste de São Paulo, fui surpreendido com a atitude do motorista. Ele arrastava o ônibus bem devagarinho, ao tempo em que ia chamando o rapaz de corno, dizendo que a cara dele era de chifrudo, que a mulher dele provavelmente estaria dando pra outro enquanto ele saía pra trabalhar. Chamava-o de “pião”, dizia que enquanto ele (o rapaz) pegava um ônibus lotado para chegar ao trabalho, seu carro zero estava estacionado na garagem da empresa. Acreditem, cheguei a sentir uma pontinha de pena do jovem (mas passou rápido). O motorista foi cruel em sua vingança. Premeditou tudo e foi muito feliz em sua desforra.

Pergunto-me: estaria certo o motorista ao buscar justiça? A atitude dele pode ser recriminada, tendo em vista que devemos evitar discussões nos dias atuais? Ou será que ele deveria ter ido além e ter dado uma boa de uma surra naquele jovem desaforado? Bom, particularmente acho que ele deveria sim, ter descido do ônibus e socado aquele rapaz, só para ele aprender a respeitar aos mais velhos. Só assim o motorista conseguiria se impor frente ao seu adversário. A coragem de enfrentar as dificuldades e a busca por justiça não são qualidades apreciadas por Deus? Não! Este é discurso islâmico.

É evidente que o discurso islâmico de posiciona contrário ao discurso cristão. Enquanto para o Islã o “pecado” precisa ter uma punição do mesmo peso e natureza, no cristianismo, a orientação é desconsiderar a injustiça cometida. Jesus delega a Deus a função de fazer justiça e obriga o injustiçado a perdoar aquele que o injustiçara. (..e perdoai [Deus] as nossas dividas [injustiças, pecados], assim como nós perdoamos nossos devedores Mt 6:12). Ao relembrar o episódio no ônibus, não consigo evitar a frase que me vêm à mente: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal, mas, se alguém lhe bater na face direita, oferece-lhe também a outra”.

Depois de muito refletir, cheguei à conclusão de que “perdão e justiça” são valores éticos inconciliáveis, antagônicos, impraticáveis dentro de um mesmo contexto. O mesmo se dá aos valores “igualdade e liberdade”, ou seja, para se obter um estado de igualdade de condições e de oportunidade entre pessoas de um mesmo grupo ou sociedade, é preciso sacrificar a liberdade de se fazer o que deseja. Em grupos e sociedades liberais, como a sociedade de mercado, por exemplo, a liberdade de agir é a mola propulsora do progresso, mas, a desigualdade social acaba sendo um efeito colateral aceitável. O lema da revolução francesa até que soa bonito... “Liberdade e Igualdade”... mas, é totalmente impraticável.

É preciso fazer valer os nossos direitos, e quando esses direitos nos pedem para reagirmos a uma agressão com outra agressão, por que não? Poxa vida! Até quando viveremos na mediocridade? Até quando seremos capachos de nossos detratores, só porque Jesus falou que assim deveria ser? A morte de Jesus e de Pedro na cruz, sem que ambos reagissem contra seus inimigos, nos mostra o extremo da passividade e da tolerância em relação à injustiça. Provavelmente o conflito entre justiça e perdão seja o causador do grande mal-estar nas sociedades de orientação cristã.

O “bom religioso”, obediente às leis bíblicas e civis, vive em sociedade sendo explorado pelo seu patrão capitalista, pelo banco que lhe empresta dinheiro a 13% ao mês enquanto só paga 0,5% na poupança, pelos políticos que lhe tomam dinheiro com os impostos e não lhe devolvem em saúde, educação e segurança e transporte descente conforme nos é garantido pela Constituição, entre outras impunidades para as quais não tomamos atitude em nome do perdão que está arraigado em nossos subconscientes. Nossa ira inconsciente gerada pelo desejo voraz de justiça esbarra em uma orientação moral, da qual muitas vezes não temos consciência, que nos impede de tomar uma atitude.

Não me envergonho de escrever essas coisas, mas me envergonho por ter permanecido passivo por tanto tempo, estóico, contente com as agruras, e feliz por saber que um dia Deus me acolheria e todo sofrimento então teria fim. Quanto tempo eu perdi, e quantas lágrimas minhas poderia ter evitado se tivesse provado o sabor incomensurável da “doce vingança”.

Edson Moura



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Dias de Perdão - Michael Gregório

Sinopse do Livro:

Na Prússia conquistada pelos franceses, o jugo da mão de Napoleão Bonaparte impõe medo e repressão na população. Nesse cenário, o renomado magistrado Hanno Stiffenis é intimado a acompanhar alguns soldados franceses que inesperadamente batem a sua porta. De imediato o procurador pensa o pior: era de conhecimento de todos que muitas dessas visitas resultaram no desaparecimento sem explicação de várias pessoas por serem consideradas opositoras aos estrangeiros.

Hanno era conhecido pela sua proximidade com um dos maiores personagens do país, o filósofo Immanuel Kant, que lhe ajudou a solucionar uma série de assassinatos na capital Könisberg.

Seria possível que aquela amizade o levaria à prisão ou pior, a morte?

No livro Dias de Perdão, segundo volume da série que apresenta Hanno Stiffenis como um detetive de casos misteriosos, o autor Michael Gregorio continua compondo um ótimo romance histórico misturando com maestria mistério e investigação, como Arthur Conan Doyle fez com o seu Sherlock Holmes. No primeiro livro, Crítica da Razão Criminosa, Stiffenis e o célebre pensador Kant se unem para desvendar uma série de assassinatos sem explicação.

Agora no recém-lançado Dias de Perdão aborda a Prùssia conquistada por Bonaparte em 1807 e os temores de muitos dos seus habitantes. Hanno, contudo descobre aliviado que a convocação foi feita pelo coronel do exército Francês Serge Lavedrine, para desvendar um novo caso: solucionar o assassinato de três crianças, encontradas mutiladas em uma casa afastada da cidade de Lotingen e o desaparecimento de sua mãe. Laverdrine, um criminologista muito interessado nas palavras e estudos que Kant deixou sobre a natureza do crime, queria ver como Hanno sairia na investigação sob a pressão do governo da Prússia, de alguns rebeldes, do próprio invasor francês e do anti-semitismo vigente na época.

Michael Gregorio, ou melhor a dupla Michael G. Jacob e Daniela De Gregorio recriam com bastante atenção no cenário histórico um thriller que seguirá o sucesso do livro anterior. A paisagem sombria das florestas e das cidades congeladas durante o inverno de 1807 é retratada com vigor, além de também abordar com uma pena hábil temas como o crescente nacionalismo, o anti-semitismo, a emancipação judia e a emergência das ciências, tudo isso, entrelaçado com a investigação que Hanno e Lavedrine fazem para o mistério da morte das crianças.

Hanno irá procurá Bruno Gottewald, o pai dos garotos, deixando com muito receio sua esposa e seus dois filhos, ante o ambiente terrível que sua cidade passava. Bruno, está servindo o exército da Prússia numa fortaleza bem afastada, comandada pelo fanático general nacionalista Katowice. No local, descobre que o major foi assassinado misteriosamente em um exercício de treino.

Em seu retorno à Lotingen, um cadáver de uma mulher é encontrado esmagado em um armazém, Hanno logo descobre que é a esposa do major morto e o mistério aumenta, em poucas semanas, uma família prussiana foi eliminada. O que estaria acontecendo? Seria um ato francês para aumentar seu poder? Ou seria a culpa dos judeus? Ou ainda, uma trágica coincidência? Narrado em primeira pessoa, pelo protagonista da narrativa, Dias de perdão segue e desenvoltura do primeiro, mergulhando o leitor no ambiente da época, com as problemáticas da população, de seus governantes e dos invasores estrangeiros.

Uma leitura envolvente do início ao fim, o "autor" cria mais uma vez a atmosfera histórica em conjunto com a exploração de técnicas de investigação criminal para montar um ótimo romance histórico. 

Edson Moura

Crítica da Razão Criminosa - Michael Gregório


Em 1804, enquanto as tropas napoleônicas rondavam as fronteiras da Prússia, ameaçando uma invasão, uma série de estranhos assassinatos atormentava a capital do reino germânico, Konisgsberg. O magistrado Hanno Stiffeniis é convocado para investigar os crimes, por ordem do próprio rei.

O jovem agente judiciário sai da pequena Lotingen, na fronteira com a Polônia, onde reside com a família e se refugiava de um passado turbulento. Viajando para a famosa cidade das Sete Pontes, descobre que quem o indicou para o sinistro caso fora o filho mais famoso da cidade, e certamente também de toda a Alemanha: o filosofo Immanuel Kant.

O professor de filosofia Michael Gregorio com esse enredo, estréia com, "Crítica da Razão Criminosa" (tradução Liliana da Silva Lopes, 464págs, Planeta), um thriller de mistério, onde confronta a razão filosófica e a ira criminosa, a ciência e a superstição, a investigação cientifica e a revelação espiritual cabendo ao leitor uma narrativa precisa e surpreendente que coloca em choque dois condicionadores do comportamento humano, o bom senso racional e a fé supersticiosa.

Um ótimo romance histórico, que abre uma nova série, ambientada na antiga Prússia e protagonizada pelo magistrado burguês Hanno Stiffeniis. Em seu primeiro caso, Stiffeniis tentará a luz da lógica achar o responsável pelos assassinatos em série.Trabalhando sob a vigilante e perspicaz supervisão de Kant, cuja fria racionalidade e ânsia de conhecimento ocultam um caráter inquietante. Com um passado que lhe persegue, o magistrado influenciou o grande pensador sete anos antes em um novo trabalho, um trato obscuro sobre a mente doentia de um assassino.

Immanuel Kant, célebre no mundo todo por suas publicações filosóficas, entre as quais, "Crítica da Razão Pura", possivelmente o livro mais influente da moderna filosofia. Vivia em uma casa nos arredores da capital prussiana, uma velhice sem notoriedade, pelo menos era o que se acreditava. Ainda era bem respeitado, por seu notável raciocínio, pela regularidade de seus hábitos, o temperamento severo e a impecável elegância. Kant, cujo vasto conjunto de idéias fora atacado pelas marés do romantismo, e logo a seguir pelo tsunami de Hegel, analisava o comportamento humano distinguindo o conhecimento sensível (que abrange as instituições sensíveis) e o conhecimento inteligível (que trata das idéias metafísicas). Stifffeniis usa essa Razão para investigar quatro estranhas mortes aparentemente sem solução, esforçando-se para ligar as peças daquele quebra-cabeça, apesar da supersticiosa população e inércia do trabalho dos policiais que conduziram as investigações.

Michael Gregorio desenvolve com habilidade a psique de cada personagem, fazendo uma história que envolve prostitutas, curandeiras, negromantes que asseguram falar com os mortos, pietistas em sua luta contra as tentações demoníacas, simpatizantes de Napoleão Bonaparte e os austeros e ineptos policiais prussianos. Brilhante concepção para a participação de Kant no thriller, como mentor do magistrado, aquém dirigirá na resolução dos casos. Como um Holmes e seu Dr. Watson.

Acompanhe neste Crítica da razão criminosa as investigações do jovem magistrado Hanno Stiffeniis, um dos poucos que conversou com Kant sobre as páginas secretas. O escritor Michael Gregorio construiu uma trama apaixonante, na qual razão e superstição combinam-se de uma forma assustadora.

Você irá se surpreender com o desfecho que Michael Gregória dá à trama. Passará então a amar e por muitas vezes, odiar as atitudes do homem para favorecer ou, proteger a memória daqueles que admiramos.
  • Editora: Planeta do Brasil
  • Autor: MICHAEL GREGORIO
  • ISBN: 8576652218
  • Origem: Nacional
  • Ano: 2006
  • Edição: 1
  • Número de páginas: 464
  • Acabamento: Brochura
  • Formato: Médio

domingo, 5 de junho de 2011

Gravidade - Tess Gerritsen

Sinopse: A pesquisadora Emma Watson está prestes a realizar a missão mais importante de sua vida: estudar o comportamento da vida terrestre no espaço. Escolhida pela Nasa para conduzir uma série de experimentos sobre o comportamento de organismos unicelulares, a Dra. Watson logo descobre a natureza aterrorizante desses organismos e precisa correr contra o tempo para conter uma doença mortal que pode ameaçar a Terra.

Tess Gerritsen se aventura no campo do desconhecido, e o resultado é este suspense que mistura, de forma brilhante, ficção científica e medicina.

Fatos: Tess Gerritsen é uma autora norte-americana de sucesso com seus thrillers médicos. Aclamada por seus fãs como uma versão feminina de Robin Cook, seus romances chegaram às principais listas de mais vendidos nos EUA. De ascendência chinesa, Tess Gerritsen cresceu nos EUA tendo talvez herdado do avô, um conhecido poeta, o talento para a escrita. Como sempre a fascinou a história e a ciência, os seus livros partem de uma cuidada pesquisa e rigor científico.

domingo, 1 de maio de 2011

Alguns rabiscos sobre “vontade e representação”



Por Marcio Alves

A principal teoria “Schopenhaueriana” é de que a essência do mundo, como dos seres em geral, até das coisas inanimadas é irracional, e este irracional ele denomina de vontade.

Tanto é assim que se observarmos o papel do intelecto na natureza e nos animais, chegaremos a conclusão de que é quase nulo, mas isto não ocorre com a vontade, pelo contrário, o que realmente impera na natureza como um todo é justamente a vontade.

O que seria então esta vontade? Em Schopenhauer a vontade é a vontade de querer viver bem, e não somente viver, mas viver ao máximo, com toda intensidade, prazer e qualidade possível.

Se a vontade é a vontade de viver, logo seu maior inimigo é a morte. Sendo assim, uma das maneiras de vencer a morte, segundo Schopenhauer, é através da reprodução da espécie, ou seja, morre sempre o individuo, mas nunca a sua espécie.

É por isso que para Schopenhauer o que existe mesmo na realidade é a espécie que é a “coisa-em-si”, sendo que cada individuo seria apenas o fenômeno.
Na verdade a coisa em si é a forma, e a matéria é o fenômeno. O que esta em constante mudança é o fenômeno, mas já a forma é imutável.
Exemplificando: Mudam-se os seres humanos, que estão em constante transitoriedade da vida, sempre nascem, se desenvolvem e morrem, permanecendo a espécie humana que é a forma.

Por isso que a grande obra e principal tese “Schopenhaueriana” é “O mundo como vontade e representação”, pois para ele, o mundo é vontade e representação e nada mais. A vontade sendo o que ele chama de a “coisa-em-si”, já a representação é construída pelo intelecto, sendo uma interpretação dos fenômenos da coisa-em-si.

Esta é a grande diferença filosófica de Schopenhauer para todos os outros filósofos (com exceção de alguns poucos como Spinoza que já antes de Schopenhauer dizia que “o desejo é a própria essência do homem” (SPINOZA, Ética parte 4) ) que enfatizava o racional como a essência do homem.

Schopenhauer inverte a lógica idealista alemã de que a razão precede o querer, para ele é o querer que precede a razão.
Ele afirma categoricamente que “nós não queremos uma coisa porque encontramos motivos para ela, encontramos motivos para ela porque a queremos, chegamos até a elaborar filosofias e teologias para disfarçar os nossos desejos” (uma fonte de Freud)

Schopenhauer chega a fazer uma ilustração, onde ele diz que “a vontade é o forte homem cego que carrega nos ombros o homem manco que enxerga”, ou seja, o que predomina é a vontade, sendo que a razão seria a parte secundaria que dá nomes, significados e até justificativas para as ações que são totalmente dirigidas e dominadas pela vontade.

Entendo que mesmo quando temos um forte desejo e não o fazemos é por causa de um desejo maior ainda.
Exemplificando: É como um homem que adúltera, onde diz, para justificar os seus atos, que não consegue refrear a sua vontade, mas, se este mesmo homem tivesse uma forca o esperando no final do ato de adultério, com certeza ele conseguiria refrear sua vontade, por causa de uma vontade maior; a de viver e não morrer.

Sendo assim, somos totalmente guiados por nossa vontade, quando não à vontade em si por causa das conseqüências boas, se é pela vontade de não ser prejudicado. Neste sentido a moral, por exemplo, é respeitada pela maioria por causa de seus benefícios como status, respeito e etc, como também pela suas punições.

Ainda neste sentido, eu ariscaria dizer que não existe virtude na virtude própria, ou, melhor dizendo, não existe virtude pura, pois todas as virtudes seriam praticadas apenas e tão-somente pelo interesse de nossa vontade e não contra nossa vontade, ou seja, sempre visando algum ganho ou prevenção de algum castigo, para beneficio próprio.

Entrando (mas já saindo) na questão da religião, todas elas prometem recompensas e punições, manipulando e controlando assim os seus seguidores, pois o ser humano é interesseiro, sempre se perguntando o que vai ganhar e o que vai perder em todas as situações.

É por isso que Schopenhauer já dizia que para convencer um homem não é possível usar apenas lógica, razões e argumentos, e preciso antes apelar para sua vontade, desejo e interesses próprios. (SCHOPENHAUER, pg 126, “Conselhos e Máximas”)

Uma das características fundamentais desta vontade, tanto no homem, como no mundo em sua totalidade é o sofrimento, a dor, pois vontade já pressupõe necessidade, pois como afirma a teoria “Schopenhaueriana” que o desejo é infinito, mas sua realização é muito limitada.

A saída para todo este sofrimento proposta por Schopenhauer é a negação da vontade pela própria vontade, ou seja, nega-se o desejo pelo próprio desejo em si de não mais desejar.

A conclusão que se chega é de que a vida é uma vontade cega de sempre querer viver!

Exemplo: Uma pessoa bem idosa, mesmo em fase de uma doença terminal, luta com toda sua vida, com todas suas forças em busca de viver e não morrer, mesmo quando não existem razões suficientes para isto, aliás, ela pode até achar algumas razões, mas como vimos em Schopenhauer, essas razões ou justificativas são secundarias e subseqüentes ao motor maior que nos impulsiona e guia: VONTADE!

Mesmo quando a pessoa se suicida, ela se suicida porque quer acabar não exatamente com sua vida, mas no fundo, o que ela quer e deseja mesmo é acabar e por fim ao seu sofrimento.

Por isso é que todo suicídio não é contrario a vida em si, mas contra alguma espécie de sofrimento e dor que a pessoa não suporta mais.

O ponto principal que discordo é a cura para o sofrimento proposta por Schopenhauer de anulação da vontade.
Neste ponto, penso como Nietzsche, que a proposta “Schopenhaueriana” é uma proposta ou atitude covarde diante da vida.

A saída não é a negação da vontade, mas justamente o contrário, a aceitação da vida como ela é, com toda sua dor e prazer, sofrimento e realização, pois é disto que ela é feita.

Se a vida é constituída pela vontade, logo ao negarmos a vontade estamos conseqüentemente negando o que temos de mais precioso: a vida!

Por: Marcio Alves

Observação: Este texto é apenas uma síntese da síntese feita por mim sobre um trabalho da faculdade onde eu abordava as principais teorias “Schopenhaueriana”.

sábado, 2 de abril de 2011

A angustia do Ser que é angustia



Por: Marcio Alves

Somos seres marcados pela angustia do viver pelo existir na existência da vida. Sofrimento não se é opcional, mas condição sine qua non da existência. Somos todos “doentes existenciais” visto que somos mortais que nunca escaparemos da finitude da vida. Nosso corpo é uma prova cabal da vida que se esvai enquanto mais se vive. Toda vez que nos olhamos no espelho, ele ta lá, nos mostrando sem misericórdia alguma que mais cedo ou mais tarde vamos morrer. A busca neurótica pela juventude enquanto se envelhece é uma demonstração patética e delirante de seres que se iludem na esperança de se tornarem eternos.

Sabemos demais ao mesmo tempo em que sabemos de menos; nunca saberemos ao ponto de esgotar todo o mistério da vida, mas por já sabermos que sabemos que não sabemos e que a vida é uma pergunta sem uma resposta ultima e final, que todo conhecimento adquirido serve para esfregar em nossa cara nossa pequenez e ignorância diante da complexidade da vida, vivemos no vazio das incertezas.

Queremos ser verdadeiramente livres, viver uma vida de total liberdade, mas quando a vivemos, sentimos o preço que a liberdade cobra; o da solidão. Ao sentirmos o preço alto que a liberdade cobra, buscamos alguém para estar junto de nós, mas com o passar do tempo, nos sentimos prisioneiros e sem liberdade, conclusão; quando estamos casados desejamos viver sozinhos, mas ao vivermos sozinhos queremos estar novamente casados, logo, não existe solução, pois não importa com quem ou como estaremos, a verdade é que sempre estaremos angustiados, pois somos seres desejantes e carentes, que sempre nos falta alguma coisa. E neste caso, ou se é angustiado casado ou se é angustiado solteiro, o que não podemos escolher e não ser angustiados.

A consciência de que na vida somos lembrados apenas duas vezes; uma no nascimento e a outra na morte, e que depois disto estamos condenados ao total esquecimento, de que nossos nomes virarão poeiras levadas pelo vento, onde seremos totalmente apagados da lembrança de que um dia existimos, de que nossas vidas não fazem falta ao mundo, de que o universo é indiferente a nós, de que não importa o que façamos ou deixemos de fazer, a totalidade da somatória de nossas vidas é sempre zero, isto produz em nós dor, que por sua vez gera mais angustia ainda.

Ficamos angustiados ao constatarmos que podemos colher e dar afeto a um cão, que este mesmo cão nunca irá nos trair e nos abandonar, mas que não podemos confiar nas pessoas, por mais legais e bonitas que elas pareçam ser, (pois o meio social sempre cobrou e irá cobrar que sejamos politicamente corretos, mesmo que só na aparência, como se é na maioria das vezes), podem e na maioria das vezes vão, nos trair, trocar e abandonar por uma melhor oportunidade, pessoa, dinheiro ou situação. Que não importa quais sejam as pessoas que se relacionam conosco, elas sempre o faz por algum interesse escondido e disfarçado de boas intenções.

Se sofremos na época em que não se tinha abertamente liberdade para praticar o sexo, hoje sofremos por justamente termos abertamente liberdade. Pois na primeira a angustia era de querer e ser reprimidos, mas na segunda, queremos e podemos, mas a questão é; o que faremos com a liberdade sexual?

Inveja, ciúme, taras, traições, conflitos, duvidas, incertezas, vícios, paixões, desejos, obsessões, egoísmo, ganância, medo, solidão e ódio são alguns dos ingredientes que compõem a nossa natureza que é transvestida e calada, superficialmente e temporariamente, mais ainda sim, coberta e mantida pela falsa moral social. E graças ao “bom Deus” que existe nestes componentes todos, a hipocrisia, pois o que seria da sociedade se ela não existisse? Talvez, muito provavelmente, nem haveria sociedade.


Em fim, muda-se o mundo, mudam-se as pessoas, muda-se o jeito de viver a vida, mas nunca muda a angustia de si ser um ser humano, pois a vida não se é uma conta matemática que sempre no final tem uma solução, mas o contrário; não existe solução, pois a vida esta para além de qualquer vã teoria ou filosofia, inclusive a minha.

Diante disso tudo tenho poucas ou quase nenhuma certeza, mas a única que eu tenho é de que o mal não como entidade, mas como concretude existe no mundo, o que ponho em cheque é a bondade...será que existe mesmo bondade altruísta, generosa e totalmente pura de interesses?

Ou na verdade há mais maldade na bondade do que na própria maldade mesmo? Pois como diria Nelson Rodrigues “o mineiro só é solidário no câncer”. Realmente somos lobos ferozes vestidos de ovelhas, achamos que somos muito morais, bondosos e honestos, quando na verdade se é testado, cai as mascaras da moral e valores, pois são aprendidas e não instintivas como o egoísmo humano.

sábado, 26 de março de 2011

Aprendendo a viver enquanto se vive


Por: Marcio Alves

Se eu pudesse voltar novamente a viver a minha efêmera e insignificante vida, arriscaria mais, permitir-me-ia até errar mais, sem neuroses e sem culpas, sem os fantasmas da perfeição, tendo como regra de culpa, a culpa por não ter vivido mais intensamente. Teria a simples, sabia e humilde consciência do que o que faço aqui nesta vida, aqui se esvai e termina, não se tendo mais nada para levar daqui, portanto, viver o aqui como única e singular realidade vivida e pensada de que tudo que realmente importa é o aqui, e que o lá e depois não passa de uma ilusão fantasiada da não aceitação de que somos finitos.

Se eu pudesse voltar novamente a viver a minha vida, não tentaria ser tão perfeito, pois perfeição só existe nos sonhos mais delirantes, lembrar-me-ia que sou humano, portanto sujeito aos erros e defeitos. Lembraria que as nossas escolhas nunca são erradas nelas mesmas, pois são escolhas, mas sempre são analisadas do ponto de vista do resultado final, que na verdade não poder ser minuciosamente determinado, pois a vida com suas contingências esta para além de ser controlada.

Se eu pudesse voltar novamente a viver a minha vida, não a levaria tão a sério, abriria mão de tentar resolver os problemas impossíveis de serem resolvidos, aceitaria minha impotência diante das circunstâncias da vida, não me obrigaria sempre aos deveres antes dos prazeres. Buscaria os objetivos da vida não pela posse de alcançá-los e deter-los, mas pelo prazer, sentido e significado do percurso que eles nos oferecem enquanto se caminha atrás deles.

Se eu pudesse voltar novamente a viver a minha vida, viajaria muito mais, contemplaria muito mais vezes o sol se por, olharia inebriado as estrelas da imensidão do céu azul, entraria e nadaria no mar a noite, deixaria os pingos da chuva me molharem sem buscar proteção, leria mais avidamente poemas, poesias e romances, ficaria horas e horas papeando com os amigos, sem se preocupar se a conversa esta sendo produtiva, pois o que importa mesmo é o estar com os amigos. Correria com os pés descalços pela praia em suas douradas areias. Brincaria com as crianças, aprenderia aos pés dos mais idosos, amaria mais uma vez minha amada com amores eternos.

Se eu pudesse voltar novamente a viver a minha vida, teria problemas reais, ao invés de problemas imaginários, não tentaria antecipar os percalços da vida, nem muito menos prever dores e sofrimentos, não iria mais sofrer antecipadamente com problemas que talvez nem viessem acontecer, seria mais irresponsável, não tentaria inutilmente controlar o tempo todo, minha vida.

Se eu pudesse voltar novamente a viver a minha vida, aproveitaria cada face da vida, sem tentar ser o que ainda não sou e negando o que já sou e fui sendo pelas trilhas da existência, cobraria menos de mim, seria criança quando criança, seria jovem quando jovem, e adulto quando for realmente um adulto, andaria horas e horas de bicicleta com meus amigos, jogaria bola com a molecada, tomaria sorvete até sentir dor de barriga, não limitaria a vida a ser simplesmente uma mera produção mecânica, fria e calculista em busca de resultados, faria coisas insignificantes, tentaria focalizar mais os pequenos momentos da vida do que os grandes, pois a vida é feita muito mais dos pequenos, e são estes que se tornam grandes devido o valor que damos a eles.

Se eu pudesse voltar novamente a viver a minha vida, viveria de tal modo que não viesse nunca me arrepender de não ter vivido, mas como não posso voltar o relógio do passado, me resta então aproveitar os anos que ainda tenho pela frente, que se não forem tragados pela morte prematura, serão com toda certeza pela velhice. Vou a partir de agora mesmo, viver os momentos que ainda me restam, de tal maneira que se depois da morte eu pudesse escolher em voltar ou não a viver a mesma vida, em todos os seus detalhes, com toda sua dor e prazer, alegria e tristeza, optaria sem pestanejar em viver.

Pois só assim, terei a plena consciência de que não fui simplesmente, em todo momento, vivido pela vida, mas antes também, a vivi!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Minha escolha


Não me tirem as lembranças, pois elas são o combustível que faz meu coração bater. Não me tirem a dor, pois ela é o parâmetro para que eu possa avaliar minha saúde. Não me tirem a tristeza, pois somente com ela eu consigo lembrar-me de como fui feliz. Não me tirem a escuridão, porque aos poucos meus olhos desprezarão a luz.

Não me tirem a fome, para que eu não reclame do pouco que ainda tenho. Não me tirem a pobreza, pois certamente eu desprezaria o miserável. Não me façam elogios, para que o orgulho não me domine. Não deixem de me abraçar, para que a frieza não tome o lugar do calor humano.

Não me falem sempre a verdade, porque algumas mentiras nos mantêm amigos. Não me mostrem tudo, para que eu não perca a vontade de descobrir coisas novas. Não me tirem a insônia, porque dormindo eu não vejo a vida passar. Não afastem a morte de mim, porque o temer a ela sustenta minha vida.

Não furtem meus livros, porque às vezes eles são meus únicos companheiros. Não esqueçam de mim, para que, uma vez morto, eu não deixe de existir. Não me amem demais, para que a insegurança não atormente tua alma. Não me amem de menos, para que eu não sinta-me tão rejeitado.

Não tirem meus filhos, porque eu os amo muitíssimo. Não se apeguem demais às pessoas, para que quando elas se forem, você também não se vá. Não deixem-me envelhecer além do necessário, para que eu não sinta-me um total inútil. Não mantenham-me vivo, se acaso tornar-me um peso em suas vidas.

E não sintam-se culpados por coisa alguma, porque todas essas escolhas foram minhas...não suas.

Edson Moura

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Antígona - Sófocles

Resumo:
 Antígona é uma das mais belas e dramáticas tragédias já escritas. Sófocles devassa em toda a sua profundidade o amor, a lealdade, a dignidade. O Ensaio conta a historia de Antígona, que deseja enterrar seu irmão Polinice, que atentou contra a cidade de Tebas, mas o tirano da cidade,Creonte, promulgou uma lei impedindo que os mortos que atentaram contra a lei da cidade fossem enterrados, o que era uma grande ofensa para o morto e sua família, pois a alma do morto não faria a transição adequada ao mundo dos mortos. 

Antígona, enfurecida, vai então sozinha contra a lei de uma cidade e enterra o irmão, desafiando todas as leis da cidade.  Antígona é então capturada e levada até Creonte, que a sentencia  à morte, não adiantando nem os apelos de Hemon, filho de Creonte e noivo de Antígona, que clama ao pai pelo bom senso e pela vida de Antígona, pois ela apenas queria dar um enterro justo ao irmão.

Hemon briga com Creonte e então Antígona é levada a morte, numa tumba aonde Antígona ficará até morrer. Aparece então Tirésias, o adivinho, que avisa a Creonte que sua sorte está acabando, pois o orgulho em não enterrar Polinice acabará destruindo seu governo. Antes de poder fazer algo, Creonte descobre que Hemon, seu filho, se matou, desgostoso com a pena de morte de Antígona.

Aparece Eurídice e conta que, ao abrir a tumba onde Antígona estava presa, encontram-na enforcada e Hemon a vê.  Creonte se aproxima e então Hemon se mata, após tentar acertar o pai.Eurídice, desiludida pela morte do filho também se mata, para desespero de Creonte, que ao ver toda sua família morta se lamenta por todos os seus atos, mas principalmente pelo ato de não ter atendido o desígnio dos deuses, o que lhe custou a vida de todos aqueles que lhe eram queridos.

Édipo Rei - Sófocles

Este lvro é um clássico da literatura ocidental, esta peça de Sófocles é considerada uma das mais perfeitas tragédias da Grécia Antiga.

Resumo do Livro:

Édipo é filho de Laios, rei de Tebas que foi amaldiçoado de forma que seu primeiro filho tornar-se-ia seu assassino e desposaria a própria mãe. Tentando escapar da ira dos deuses, Laios manda matar Édipo logo de seu nascimento. No entanto, a vontade do destino foi mais forte e Édipo sobreviveu, salvo por um pastor que entregou-o a Políbio, rei de Corinto.

Já adulto, Édipo descobre sobre a maldição que lhe foi atribuída e para que ela não fosse cumprida, foge de Corinto para Tebas, sem saber que lá sim é que seus pais verdadeiros o esperavam.

No meio da viagem, encontra um bando de mercadores e seu amo, sem saber que seu destino estava já se concretizando, mata a todos.
Assim que chega a Tebas, Édipo livra a cidade da horrenda esfingie e de seus enigmas, recebendo a recompensa: é eleito rei e premiado com a mão da recém-viúva rainha Jocasta.

Anos se passam e Édipo reina como um verdadeiro soberano e tem vários filhos com Jocasta, mas a cidade passa por momentos difíceis e a população pede ajuda ao rei.
Após uma consulta ao oráculo de Delfos, que responde pelo deus Apolo, os tebanos são alertados sobre alguém que provoca a ira dos deuses: o assassino de Laios, que ainda vive na cidade.
Édipo então decide livrar seu reino desse mal e descobrir quem é o assassino, desferindo uma  maldição...

Autor: Sófocles

sábado, 29 de janeiro de 2011

Construtores em construção


Por: Marcio Alves

Não podemos entregar a direção do rumo de nossas vidas existentes na existência do ser que é quando vai sendo formado e se formando pelas estradas da vida a deus num determinismo fatalista de quem não tem coragem de se assumir enquanto se é senhor de sua vida.

Embora seja a vida vivida em total liberdade mesmo quando não se escolhe quando se é simplesmente escolhido pelas incontáveis contingências da vida que se vai já sendo ela mesma como um fluxo de um rio que irá desembocar numa cachoeira de não escolhas.

A opção de ser e permitir ser enquanto vai sendo dia a pós dia construído na construção do destino de escolhas impedindo outras, pois seja na passividade da decisão da aceitação da sina do que se é, ou pela atividade do sujeito que procura ser na transformação do que deseja vir a se tornar, pois a grande questão existencial não é o que a vida te levou a ser pelos caminhos impulsionadores da imprevisibilidade do existir, mas antes o que fazemos com o que a vida nos fez, seja para bem ou para mal.

A grande alienação nasce no sujeito que não tem coragem de assumir sua condição e principalmente responsabilidade de que tudo que acontece tem sua indireta ou direta participação, pois por pior que seja os caminhos da trilha do viver sempre se tem uma escolha em que optamos de ser, seja de não mais lutar entregando se ao destino num determinismo fatalista de o que será será e não há nada para mudar, ou pra tomar as rédeas do controle da vida para ser o comandante de uma embarcação em um mar seja tranqüilo ou bravio.

Temos o poder de construir a nossa historia e mundo enquanto vamos conseqüentemente construindo a nós mesmos. Somos o reflexo de nós em nossas historias mesmo que ainda esteja inacabada, nos restando muito pela frente, então assim sendo não mais joguemos para deus ou para a vida a responsabilidade que é nossa de dever vir a ser ou de não ser mesmo que não consigamos e acabamos no final da linha não se sendo.

O futuro será mesmo não se sendo apenas o resultado de nossas escolhas no presente, o que fizermos agora e aqui nos servirá de ponte para o amanhã, não podendo ser jogado a sorte o que nós devemos e podemos fazer, mesmo nas contingências da imprevisibilidade não deixamos de ser sujeitos da historia e não apenas mero expectadores num palco já montado sendo coadjuvantes, mas antes atores que determinarão o final de uma historia que ainda permanece e continuará a estar em aberto.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eclipse - Stephenie Meyer


Resumo do Livro
Um exército de vampiros “recém-nascidos” está à solta nas ruas de Seattle, uma cidade perto de Forks, e Edward está mais alerta que nunca. Enquanto os Cullen vêem este problema como uma desculpa para receberem uma visita dos Volturi, Bella preocupa-se mais em escolher a sua amizade com Jacob Black (permanecendo humana, mas entregue ao castigo dos Volturi por ser a única humana a saber sobre a existência de vampiros) ou o amor que sente por Edward (sendo transformada em vampira e não sendo castigada pelos Volturi) e originar uma batalha entre lobisomens e vampiros, pondo a sua nova familia e os seus antigos amigos em risco. 

Enquanto isso, Edward pede Bella em casamento, que aceita seu pedido. Bella descobre que Victoria é a criadora dos novos vampiros (ela quer se vingar de Edward por ter matado James, seu companheiro. Já que Edward o matou, ela pretende matar Bella) e uma batalha para proteger a adolescente começa. 

Bella se sente confusa com os novos sentimentos que surgem dentro de si, o amor de Jacob Black que vem a ser uma dúvida e o medo da pós-transformação. Os lobisomens aliam-se aos Cullen (que antes eram inimigos mortais) e Victoria é morta por Edward. Os Volturi aparecem mas eles confiam em que Carlisle vai transformar Bella em vampira.

Para saber mais sobre a autora, clique no link a seguir: História da Stephenie Meyer na Estante Online

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