sábado, 3 de março de 2012

"Precisamos falar sobre o Kevin"

Por: Marcio Alves

Sempre achei que o ser humano não fosse totalmente bom, mas nunca pensei que chegaria ao extremo de enxergá-lo como “ovelha puramente negra”. E olha que eu combatia ferozmente o conceito tradicional cristã de “pecado original” e “queda” – tudo bem que essa estória (sem “h”) de que por causa de Adão e Eva, o mundo todo como o ser humano esta em treva, não passa de “historinhas infantis”, mas o conceito do ser humano mergulhado no “pecado” e que está irremediavelmente “perdido” é muito ilustrativo e valido, como metáforas para mostrar a natureza má e sem solução do ser humano.


Chama-me muita atenção o fato de estar em voga hoje em dia, no meio acadêmico das ciências sociais, a imagem do ser humano bondoso que é corrompido pela sociedade. Desta forma, a culpa sempre recairia sobre o meio, nunca sobre a “natureza” do individuo.

O filme “Precisamos falar com Kevin” é como um soco na boca do estomago desta mesma ciência social, que não percebe e/ou não quer ver, (claro, como ficaria o emprego dos psicólogos e sociólogos, se eles admitissem que o ser humano esta definitivamente perdido sem salvação? E olha que eu falo contra mim mesmo, pois estou me formando em psicologia. Risos) que para além do “simples” meio social – eu sei que o meio exerce uma função importante sobre o individuo – existe inclinações naturais em todo sujeito.

Não vou entrar em detalhes do filme, até porque não é este meu propósito com o texto – mentira! É que não sou bom em resenhas ou criticas de filmes (risos) – mas o cerne do filme é justamente o que vou aproveitar e colocar como discussão aqui, pois o ser humano já nasce mal ou será que é corrompido pela sociedade? Existe maldade gratuita? E a bondade...será que existe mesmo bondade altruísta neste mundo?
Ou toda bondade é realizada com “segundas” (às vezes até terceira, quarta...) intenções, mesmo que seja “inconsciente”?

Na minha visão “Rodriguiriana” não existe bondade altruísta, pois toda ação bondosa tem um ganho, mesmo secundário e inconsciente.
Nem que seja o prazer que a pessoa “bondoso” sente ao ajudar alguém necessitado, excluído ainda a tentação que dificilmente a pessoa “bondoso” escapa que é de se achar (vaidade) uma ótima pessoa (uma pessoa do “bem”) e de passar para os outros que ela é legal e sincera.

E a prova mais contundente disto é o amor.. (explico)
É o sentimento encarado pela sociedade como o mais puro e lindo. Inclusive, para os cristãos, é a principal e máxima virtude – lembra de Paulo que disse “permanecem a fé, esperança e o amor, dos três, o mais importante é o amor”. Pois então...o amor, aquele mesmo que você meu caro leitor, jura ter por seu filho, mãe, esposa ou esposo, amigo ou irmão, (e, eu acredito!) este mesmo amor é egoísta primeiramente, sempre.

Pois sempre amamos o que é nosso com a condição sine qua non de ser nosso. Por isso que o amor que seria aquele que talvez redimisse a humanidade de sua egocêntricidade e maldade, é o maior exemplo de egoísmo. Inclusive tudo que fazemos, seja do ator menor: dá presente, ao ato maior: dar a vida, fazemos por nós mesmos egoisticamente, centrado sempre em nós – pois nós dá prazer fazer quem nós amamos felizes.

Mas é claro que toda esta maldade não é “culpa” nossa, nem muito menos da nossa sociedade materialista, consumista e individualista – embora também o seja – mas principalmente porque somos assim, e se somos assim porque somos assim (ou porque fomos “feitos” assim para quem crer em criação) não temos culpa...isto faz parte de nosso instinto, e esta para alem da nossa vontade.

É por isto (e por outros motivos que não vem ao caso agora) que acho as ciências sócias uma piada, ou, um simples e insignificante doril para um câncer que é o ser humano.

Ainda realmente você quer me pergunta meu caro leitor, se acredito no ser humano ou em um mundo mais bonito e legal?


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